Hitchcock é uma ode ao cinema antigo norte-americano

Começou a crescer em Hollywood as produções sobre os bastidores da própria indústria cinematográfica norte-americana.  Após a cinebiografia, este gênero tem agradado o público, ao prometer descortinar a realidade por trás das câmeras de figuras célebres. Como acorreu no filme Sete Semanas com Marilyn, a obra de Sacha Gervasi se situa durante as filmagens do clássico Psicose (1960).

Após grande sucesso de público pela sua forma inovadora de contar histórias, que lhe rendeu o título de mestre do suspense, Alfred Hitchcock teima em rodar um filme adaptado do livro de Robert Bloch. Apesar da sua fama, o cineasta encontra muitas dificuldades para realizar o seu trabalho. A Paramount não aceita os desejos do diretor e quer mandar em todo o processo criativo. Quando não pode fazer isso, a produtora corta o financiamento da obra.

Colocando sua casa e economias em risco, Alfred segue em frente com seu filme. Durante o longa, observamos a escolha das atrizes, a construção do cenário, o relacionamento do diretor com os artistas, além da sua vida pessoal com a esposa Alma Reville (Helen Mirren). O roteiro explora bastante a relevância da sua companheira no seu trabalho, concedendo destaque a vida profissional dela e a passionalidade do cineasta.

Anthony Hopkins transmite o humor fino e seco do mestre do terror, no entanto, a produção de Hitchcock errou feio na caracterização do personagem. A maquiagem para moldar os traços do famoso diretor está tão falsa, que a representação de Hopkins chega a ser comprometida, pois as suas expressões parecem a de um boneco.

O longa é um grande tributo ao mestre Hitchcock e consegue abordar com graça os percalços da década de 1960 e mostrar como era o processo de realização dos projetos desse gênio do cinema. Scarlett Johansson traz carisma à história, como a personagem mais emblemática de Hitchcock, e expõe a sua obsessão para encontrar a atriz perfeita.

Com grande valor histórico e para indústria do cinema, Hitchcock é uma bonita homenagem à obra e à grande figura do cinema norte-americano. Sem grandes rompantes de atuação ou narrativa, o tributo é um filme mediano com alguns erros de produção, que podem compromete o desempenho da obra nas bilheterias.

Publicado por Letícia Alassë

Jornalista pesquisadora sobre comunicação, cultura, linguística e psicanálise. Mestranda de Jornalismo Internacional na Universidade Paris VIII, na França. Nascida no Rio de Janeiro, apaixonada por explorar o mundo tanto geograficamente quando diante da tela. Mora atualmente na Cidade Luz.

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